Reforma Administrativa da Troika não passará
Mais
de 100.000 elementos do povo vindos de todas as partes do país – dos
Açores e Madeira a Bragança e Faro - e representando centenas de
freguesias, em particular as rurais, fizeram transbordar o Rossio em
Lisboa, desfilando com alegria e determinação do Marquês de Pombal até
àquela praça, contra a proposta de lei do governo PSD/CDS de extinguir
mais de um milhar de freguesias.
Nem o Salazar nos tratou assim!
Lia-se numa faixa de uma das freguesias rurais que a chamada reforma
administrativa que o governo pretende impor visa extinguir.
Na
verdade, este governo, em matéria de patifarias e de medidas
terroristas contra o povo não tem nada a aprender com os fascistas.
Neste
caso, inventando uma série de argumentos para justificar a mera
execução de ordens da Tróica germano-imperialista que achou que o país
tinha freguesias a mais e que também aqui era preciso sacar dinheiro
para alimentar os banqueiros alemães, o governo decidiu-se pela extinção
pura e simples de um terço das 4 259 daquelas autarquias.
Para
tentar enganar os trabalhadores e famílias pobres, em particular das
zonas rurais, que têm na actual divisão administrativa, não apenas a
expressão da sua identidade social e cultural, como um apoio para
resolver em termos próximos um grande número de problemas, o governo
veio ainda usar o termo agregação para designar o desaparecimento puro e simples.
Mas
essa manobra foi hoje claramente desmascarada pelo povo trabalhador que
desceu às ruas da capital, que nunca deixou de associar a agregação à
extinção nas suas palavras de ordem contra a proposta de lei da
reorganização administrativa.
Acontece,
no entanto, que o ministro Relvas, com aquele ar de anjinho
provocatório que gosta de ostentar para disfarçar as medidas mais
terroristas do seu governo, passou a uma outra tentativa de neutralizar a
inevitável revolta popular, ao abandonar o critério inicial de selecção
das freguesias a extinguir – as que tivessem menos de 500 habitantes –
para passar essa decisão para as assembleias municipais.
Mas
também esta manobra de divisão não passará, sendo que, pelo menos no
que respeita às freguesias rurais, este governo de traição nacional irá
experimentar o que é a firmeza e combatividade de quem foi continuamente
abandonado e desprezado numa dura vida de trabalho e que agora, para
benefício exclusivo de agiotas imperialistas, ainda se vê espoliado das
suas raízes culturais e privado das estruturas locais de apoio para a
satisfação das suas necessidades básicas.
O povo da freguesia de S. Tomé de Negrelos, do concelho de Santo Tirso, bem vai avisando : Já existimos há 12 séculos!
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