Um Seguro a prazo
A herança de Sócrates é muito pesada. O peso do contributo
para a destruição do país, deixa o dito partido socialista a contas com uma
opinião pública ainda em fase de fervura.
Dentro do partido, amarrado à assinatura dos compromissos
com a Troika, a confusão está instalada. Seguro e os seus não têm mão em tantas
contradições. Têm um discurso oposto à prática. E sabem que a área de
influência do partido não está e não estará com a agudização provocada pelo
novo rol de medidas em preparação.
A rua ainda não reflecte o descontentamento e este P”S” de
Seguro não esteve lá. As camadas de classe que enfrentam as devastadoras
medidas do Governo, que têm passado com os vários silêncios, vão deixando
marcas.
Seguro assinou o OE 2012, vai assinar o Rectificativo, a
aprovação do novo Código do Trabalho e o novo resgate da dívida fraudulenta em
preparação. A abstenção é uma assinatura e não adianta negar. Uma parte do
partido que dirige não partilha das decisões. Uns porque têm medo da rua e
outros, poucos, porque lhe quererão reconhecer razão.
O P”S” julga poder continuar a reunir em segredo com o
Governo para o cumprimento das imposições da troika e publicar um discurso de
necessidade de políticas de crescimento e emprego.
A cultura política dos sectores da sociedade mais avançados e
o sofrimento instalado que percebe não haver limites definidos nas prácticas de
exploração do Governo PSD/CDS, encostam à parede o papel dúbio do falso partido
socialista e dos seus dirigentes, que teimam em perceber que as contradições
não lhes dão espaço.
Seguro é cada vez mais um homem de transição dentro do
partido, ameaçado pelo quartel interno de que é preciso obedecer à Troika e às
suas consequências. Seguro, que quis o poder, só tem como seguro a obediência à
herança deixada por Sócrates. Tudo o que recebeu e se esforça por cumprir,
transformou-se num pesadelo sobre o que prometia fazer a diferença.
O P”S”, um partido da pequena burguesia que tem vivido na
sombra do poder e das suas benesses, desde os Governos de Mário Soares, o pai
desse anacronismo que dá pelo nome de socialismo democrático, foi sempre um
parceiro do grande capital, aceitou governar para ele, a troco dos empregos
para a família.
Como a História não falha, a decomposição do tal socialismo
democrático, uma invenção filosófica que até pode estar na base da fuga e da
trapalhada dos actuais estudos de Sócrates na preparação para outros voos, o
que vai deixar escrito na pedra secular é o papel miserável do P”S”, como
lacaio da exploração do povo português, que António José Seguro e os que lhe
vão fazer funeral, não têm coragem de contrariar.
Luis Alexandre
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