Nogueira, o salvador, cai de para-quedas no Algarve
O grupo Nogueira, com sede nas Beiras e que nunca trabalhou
na área do retalho alimentar, baixou até ao Algarve, na companhia do ministro
da Economia, para assinalar a reabertura de duas lojas da cadeia Alisuper.
Um grupo regional, que atingiu mais de meia centena de lojas
e foi arquitectado no colo de homens do PSD, a partir do velho projecto
associativo que foi a Aliccop, atingiu o apogeu do proteccionismo (onde
inevitavelmente entra o Banco do Estado - a CGD - e o famigerado BPN) e mais
tarde do descalabro gestionário, rebentando com mais de 80 milhões de dívidas.
Dada a imagem que o PSD deixou no esgotamento do projecto e
o impacto social na região com reflexos na opinião pública do país e que não
conheceu soluções com o anterior Governo, foi natural o cuidado na resposta
deste Governo, que concertou um negócio de contornos pouco claros e ao qual
emprestou a chancela da presença ministerial.
O Nogueira, experiente em carnes suculentas, aceitou o repto
de ajudar o Governo a limpar a sua inacção sobre o mau estrado da região, não
era obrigado a incluir os antigos empregados mas mostrou boa vontade para
incluir uma ínfima parte (provavelmente com apoios), como se assumiu redentor
dos antigos empregados na enorme falcatrua que foi pô-los a assinar livranças
para proveito do buraco sem fundo da gestão do grupo Alisuper.
O Álvaro, que conduziu o dossier, ficou aliviado com a ajuda
do grupo económico amigo, salva as costas e os bolsos dos gestores filiados, alivia
a imagem de que não faz nada pelo Algarve e dá de bandeja o prato já cozinhado
porque o Nogueira não vai assumir as dívidas da Alisuper mas apenas um terço e
a pagar em 13 anos sem juros. Portanto, os fornecedores ficam a arder e à
espera que tudo dê certo para verem uma parte dos créditos.
Das lojas, o Nogueira ficou com as mais rentáveis, vai abrir
mais uma linha de crédito, facturar à boca da caixa, pôr o dinheiro a render no
Banco e o resto a conjuntura o dirá…
Se a má gestão, a sazonalidade, o oportunismo e o desperdício
mataram a Alisuper, onde pontuavam quadros com experiência do sector, veremos
os balanços futuros a que o Álvaro ficou ligado…
Luis Alexandre
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