O histórico de acontecimentos no Algarve, resultarão de uma
conjuntura nacional com incidência na região ou serão mesmo uma acção
concertada contra a nossa gente e a nossa imagem?
Com os números e os factos a salientarem uma região
deprimida, traduzidos em mais 40 mil desempregados, com o aumento generalizado
dos impostos e dos bens de consumo, com a falência das Câmaras dos principais
concelhos, a quebra do investimento autárquico e sobretudo do central, o
aumento da insegurança que tem afectado o Turismo e os cidadãos e o triste
espectáculo do torniquete na fronteira, os algarvios têm razão para desconfiar
das razões.
A forma como as políticas centrais nos afectam, se
pertencerão em parte à conjuntura, não podemos deixar de reflectir que dentro
das características específicas da região, os seus impactos atingem proporções
gravosas em comparação com outras regiões do país.
Em concreto, referimo-nos ao aumento do IVA na restauração,
que não leva em linha de conta a sua base sazonal, às portagens, que são já
responsáveis pelo afastamento de dezenas de milhares de espanhóis e o
respectivo peso nas receitas de particulares e do Estado, a quebra do poder de
compra dos funcionários públicos e dos desempregados e, com maior gravidade, o
abandono dos grandes projectos de obras públicas que vão ser responsáveis em
anos pelo agravamento das condições de vida no Algarve.
Um Governo central tem a obrigação de cuidar destes aspectos
e procurar minimizá-los. Do lado das soluções, não só não as conhecemos, como
ainda somos confrontados com notícias de falta de dinheiro para cumprirem as
obras de requalificação da EN 125.
A asfixia do país e das suas partes, que resulta de uma
dívida fraudulenta e assistida pelos partidos do bloco central, vai manter o
país em curva descendente e de forma dramática o Algarve.
A região algarvia viu a sua agricultura e pescas serem
destruídas, não mereceu atenção de qualquer investimento interno ou externo em
indústrias e mantém quase em exclusivo o Turismo, estagnado e sem planos, e, em
rampa de declínio, toda a estrutura que sustentou a loucura do betão.
Na desorientação total das chamadas forças regionais e
locais, que se compreende pelas suas responsabilidades na subserviência ao
centralismo e na gestão de falência dos municípios e apenas clamam por fundos
de socorro, sobressai o papel distante dos chamados deputados pela região, que
não são capazes de criar um quadro de exigências que dê as respostas mais
urgentes.
Com um inverno ruinoso na economia regional e as
perspectivas de uma forte contracção no Turismo, em número, receitas e
pagamentos, os níveis de desagregação empresarial e social reflectirão o abandono a que fomos
votados.
O Algarve sempre foi representado por gente que se aproveitou
dele. Quando as consciências se abalarem, porque o precipício está mais perto,
teremos de pedir contas. E sabemos onde ir.
Luis Alexandre
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