Continua a saga reformista do Governo PSD/CDS
As
alterações ao regime do arrendamento urbano da especial autoria da
ministra do CDS que, entre outras coisas, também é da agricultura,
acabou por ser aprovada na Assembleia da República, já com as
modificações introduzidas após a respectiva discussão na especialidade.
Esta nova lei é apresentada como uma das tais reformas estruturais tão proclamadas por este governo, isto é, uma das soluções milagrosas impostas pela Tróica para garantir o pagamento da dívida.
No caso, o objectivo seria o de dinamizar o mercado do arrendamento
que, em termos mais pragmáticos, significa despejar mais rapidamente os
que não têm possibilidades económicas de pagarem as rendas entretanto
violentamente actualizadas.
À
pala de uma celeridade processual dos despejos, minoritários, dos que,
podendo, não pagam as rendas, ou de uma correcção, igualmente
minoritária, de valores de rendas para inquilinos ricos, o que o governo
pretende atingir é um largo sector de inquilinos pobres ou empobrecidos
com a crise da sua responsabilidade.
Trata-se,
pois, de uma lei que, a exemplo de outras alterações legislativas, deve
contar com a firme oposição e combate por parte dos trabalhadores.
Mas o que a última votação da lei dos despejos na especialidade teve de especial
foi o facto de o governo ter acolhido uma proposta do BE no sentido de,
em matéria de critérios da fixação das novas rendas, se contabilizarem
os rendimentos de 2012 e não de 2011, atendendo ao roubo dos salários
verificado este ano.
Numa
situação destas, não se vê como é que um partido que se diz de
esquerda, mas que não ousa afrontar este governo de traição nacional,
pugnando pela sua queda e substituição, ajuda esse governo no
melhoramento das suas leis fascistas, e , depois, tem cara para
combatê-la.
É
que, quando muito, o que o BE teria a fazer era apresentar a sua
própria proposta de lei, em oposição à do governo, recusando participar
no aperfeiçoamento de uma iniciativa legislativa que, em globo, nunca
poderia merecer qualquer proposta de alteração, ainda por cima no campo
da contestada actualização das rendas.
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