Nenhum Seguro garante saúde aos algarvios
O recente périplo do secretário-geral do dito partido
socialista ao Algarve, com o pomposo nome de “Roteiro pela Saúde”, analisado a
frio, é bem a representação da forma como a política é praticada no país.
José Seguro, herdeiro do velho slogan partidário de criador
do SNS (Serviço Nacional de Saúde), entrou de mãos vazias, revelou
desconhecimento da realidade regional e ainda nos brindou com elogios ao
Governo.
Sem se indignar, o que revela conhecimento, ficou desagradado
com as macas que sempre inundaram os corredores da urgência do Hospital
Distrital e até apadrinhou o anúncio público da nova administração, que se
propõe fazer uma remodelação e alargamento deste serviço.
Rodeado dos antigos responsáveis da política regional,
deputados e do próprio ex-Director Regional de Saúde do seu partido, o senhor
Seguro, não assumiu as responsabilidades do estado caótico deste sector na
região, limitando-se a ouvir as propostas do novo detentor da chefia da área.
Martins dos Santos, nomeado pelo novo Governo PSD/CDS,
transformou o tempo de antena de José Seguro em oportunidade para revelar que
150 mil algarvios não têm médico de família mas que a sua direcção tem planos
para colmatar este grave problema, como dar forma ao aumento da oferta de camas
para os cuidados continuados.
José Seguro ouviu e como não tinha propostas, elogiou a
medida recentemente anunciada pelo Governo sobre os cuidados continuados e
partiu em sossego. Contudo, deixou para trás muitos problemas que os anteriores
Governos do seu partido não atenderam e até jogaram como trunfos eleitorais de
outras ocasiões.
Se a falta de camas são uma velha realidade, tal como a
falta de médicos e uma extensa lista de espera para cirurgias, temos que juntar
as queixas dos enfermeiros, um sector indispensável nos cuidados de Saúde que
não baixaram os braços e têm apontado as deficiências do funcionamento dos
serviços gerais prestados na região.
José Seguro desceu ao Algarve para falar de Saúde mas apenas
fez política de caserna. A principal razão do seu silêncio sobre o essencial
está nos compromissos do seu partido com os cortes impostos pelo acordo com a
troica.
Sobre os interesses dos velhos clusters instalados, os
ganhos das farmacêuticas, os serviços privados de medicina à custa da falta de
produção do sector público, as despesas administrativas e salariais elitistas e
consentidas que dispararam custos, tudo ficou em resguardo.
E, o mais grave deste roteiro, para lhe aumentar o
descrédito, foi o silêncio sobre a construção do novo Hospital Regional que
esteve inscrito em programas eleitorais e teve vários anúncios de primeira
pedra.
José Seguro, na sua impreparação e sem margem de manobra
política, deixou o Algarve tão vazio como entrou.
Luis Alexandre
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