Os tabus de Cavaco: Silêncios de consentimento e cumplicidade!
Lá
diz o ditado popular que quem cala consente: E tem sido esse o
significado dos recorrentes tabus a que Cavaco nos tem habituado. Não
deixa de ser relevante, e ao mesmo tempo provocatório, o facto de o mais
recente dos tabus, aquele que gerou um “silêncio” de consentimento em
torno da linha ideológica e política que sustenta a Lei Geral do
Orçamento de Estado para 2013, ter sido quebrado aquando da inauguração a
que presidiu de um hotel de luxo, em Lisboa.
Naquele
tom coloquial e arrogante que sempre o caracterizou, diz Cavaco que não
se deixará influenciar por qualquer tipo de pressões, fazendo crer que
essas estão a ter origem numa qualquer pessoa ou entidade e não derivam
do facto de saber se o OE para 2013 está a respeitar, ou não, os
preceitos constitucionais.
No
fundo, a mensagem que Cavaco quer, de facto, transmitir quebrando o
tabu e o silêncio que consente é aquela que resulta da apreciação que
faz ao encontro que manteve com Seguro, secretário-geral do PS, encontro
do qual conclui que a questão da reforma do estado deverá ser discutida
por toda a sociedade e não apenas pelos partidos do “arco parlamentar”,
o que só pode significar que, face ao crescendo da luta dos
trabalhadores e do povo, para aceitar que os ditames da tróica levem a
uma profunda revisão constitucional, seria necessário que a “sociedade
civil” se envolvesse e concordasse com tal processo. Ou seja que a presa
se submetesse voluntariamente ao carrasco, admitindo pagar uma dívida
que não contraiu e dela não retirou qualquer benefício.
É
que, quer o governo, quer alguns dos “reprodutores” de opinião que
estão ao seu serviço, já vieram esclarecer que até Fevereiro de 2013 a
constituição terá de permitir alterações que levem à possibilidade de ir
alocar cerca de 4 mil milhões de euros que é necessário sacrificar no
altar da dívida à tróica, às chamadas prestações sociais, à saúde, ao
ensino.
Demonstrando
uma vez mais que quem cala consente, lá vem Cavaco reproduzir e
amplificar a chantagem que o governo de traição já havia querido, sem
sucesso, passar. Que, para Portugal “beneficiar” da continuidade do
apoio do BCE ao programa de “resgate” a que está sujeito, teria de
cumprir com todas as imposições que a tróica germano-imperialista,
criando falsas expectativas para a resolução da crise e da dívida, sem
qualquer fundamento legal ou político.
Não
deixou de ser sintomático, ainda, o facto de Cavaco ter considerado que
“não podemos impedir que as pessoas – os trabalhadores e o povo –
tenham o direito a manifestar-se”. Tal atitude só poderá significar que o
seu desejo, na realidade, era de que as pessoas nem esse direito
tivessem, já que a não ser assim, o que deveria ter dito era que a
contestação e a luta crescentes, por parte dos trabalhadores e do povo,
não só são um direito, mas são, sobretudo, são legítimos.
Os
trabalhadores e o povo português, ao contrário de Cavaco, não fazem
tabu das suas exigências: Cavaco deve proceder à imediata dissolução da
Assembleia da República e concomitante demissão do governo dos traidores
Coelho/Portas ou, se não o fizer, demitir-se ele próprio ou ser
demitido. É que, a única alternativa a este governo e ao OE para 2013
que a tróica germano-imperialista lhe ditou, é a da constituição de um
governo democrático patriótico baseado num programa de unidade que
passa, no mínimo, pela suspensão imediata do pagamento da dívida e do
serviço da dívida, pelo controlo da banca e pela nacionalização de todas
as empresas e sectores vitais para o desenvolvimento de um paradigma de
economia ao serviço dos trabalhadores e do povo e controlada por estes.
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