8 de novembro de 2012

Por um Governo de frente democrática e patriótica

   

Os tabus de Cavaco: Silêncios de consentimento e cumplicidade!


Lá diz o ditado popular que quem cala consente: E tem sido esse o significado dos recorrentes tabus a que Cavaco nos tem habituado. Não deixa de ser relevante, e ao mesmo tempo provocatório, o facto de o mais recente dos tabus, aquele que gerou um “silêncio” de consentimento em torno da linha ideológica e política que sustenta a Lei Geral do Orçamento de Estado para 2013, ter sido quebrado aquando da inauguração a que presidiu de um hotel de luxo, em Lisboa.
Naquele tom coloquial e arrogante que sempre o caracterizou, diz Cavaco que não se deixará influenciar por qualquer tipo de pressões, fazendo crer que essas estão a ter origem numa qualquer pessoa ou entidade e não derivam do facto de saber se o OE para 2013 está a respeitar, ou não, os preceitos constitucionais.
No fundo, a mensagem que Cavaco quer, de facto, transmitir quebrando o tabu e o silêncio que consente é aquela que resulta da apreciação que faz ao encontro que manteve com Seguro, secretário-geral do PS, encontro do qual conclui que a questão da reforma do estado deverá ser discutida por toda a sociedade e não apenas pelos partidos do “arco parlamentar”, o que só pode significar que, face ao crescendo da luta dos trabalhadores e do povo, para aceitar que os ditames da tróica levem a uma profunda revisão constitucional, seria necessário que a “sociedade civil” se envolvesse e concordasse com tal processo. Ou seja que a presa se submetesse voluntariamente ao carrasco, admitindo pagar uma dívida que não contraiu e dela não retirou qualquer benefício.
É que, quer o governo, quer alguns dos “reprodutores” de opinião que estão ao seu serviço, já vieram esclarecer que até Fevereiro de 2013 a constituição terá de permitir alterações que levem à possibilidade de ir alocar cerca de 4 mil milhões de euros que é necessário sacrificar no altar da dívida à tróica, às chamadas prestações sociais, à saúde, ao ensino.
Demonstrando uma vez mais que quem cala consente, lá vem Cavaco reproduzir e amplificar a chantagem que o governo de traição já havia querido, sem sucesso, passar. Que, para Portugal “beneficiar” da continuidade do apoio do BCE ao programa de “resgate” a que está sujeito, teria de cumprir com todas as imposições que a tróica germano-imperialista, criando falsas expectativas para a resolução da crise e da dívida, sem qualquer fundamento legal ou político.
Não deixou de ser sintomático, ainda, o facto de Cavaco ter considerado que “não podemos impedir que as pessoas – os trabalhadores e o povo – tenham o direito a manifestar-se”. Tal atitude só poderá significar que o seu desejo, na realidade, era de que as pessoas nem esse direito tivessem, já que a não ser assim, o que deveria ter dito era que a contestação e a luta crescentes, por parte dos trabalhadores e do povo, não só são um direito, mas são, sobretudo, são legítimos.
Os trabalhadores e o povo português, ao contrário de Cavaco, não fazem tabu das suas exigências: Cavaco deve proceder à imediata dissolução da Assembleia da República e concomitante demissão do governo dos traidores Coelho/Portas ou, se não o fizer, demitir-se ele próprio ou ser demitido. É que, a única alternativa a este governo e ao OE para 2013 que a tróica germano-imperialista lhe ditou, é a da constituição de um governo democrático patriótico baseado num programa de unidade que passa, no mínimo, pela suspensão imediata do pagamento da dívida e do serviço da dívida, pelo controlo da banca e pela nacionalização de todas as empresas e sectores vitais para o desenvolvimento de um paradigma de economia ao serviço dos trabalhadores e do povo e controlada por estes.

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