18 de janeiro de 2012

O que precisa mudar no Turismo



As alternâncias na área governamental têm sido sinal de mudanças de cosmética no sector do Turismo. Mas o essencial, os planos que transmitem confiança aos operadores, são secundarizados, deslocados no tempo, quando têm objectivos a cumprir.
 

Depois de uma década reconhecida de impasse na principal actividade económica do Algarve e quando a grave crise económica e financeira da Europa cobre de nuvens cinzentas o sector, mais uma vez, a intervenção governamental passa primeiro por nova escalada reorganizativa.
 
Cada ciclo de poder traz uma mão cheia de mudanças estruturais, sendo que as da actual Secretária de Estado têm uma afirmada chancela economicista.
Na linha de orientação deste Governo, que corta sem acautelar os impactos, particularmente entre os mais fracos, a titular do Turismo quer poupar 6 milhões em questões administrativas, nega que vá descarregar os cortes sobre a manutenção de postos de trabalho (veremos no futuro) e não adiantou o que pensa e projecta para a recuperação do sector.
Com seis meses no cargo e os dados em cima da mesa, Cecília Meireles, indigitada pelo CDS, chega ao fim de Janeiro sem uma estratégia e planos que a consubstanciem.
O que a Secretária de Estado tem de entender é que toda a região do Algarve está em suspenso, precisa de planear uma nova época e os únicos indicadores que dispõe são os desabafos do presidente da AHETA, sobre o previsível descalabro de perdas com o mercado nacional que poderão ultrapassar os 30%.
 
Sobre os mercados estrangeiros, no conhecimento da acumulação dos constrangimentos financeiros dos principais mercados emissores, o que se ouve é a redução da actividade de alguns operadores e que as operações de “incoming” (contratação) estiveram aquém do desejável.
 
A três meses do arranque oficial da época turística e depois de um Inverno dominado pelas sucessivas más notícias no tecido empresarial, com os números conhecidos em falências, despedimentos, salários em atraso e conflitualidade de tesouraria, tributária e judicial, é de todo legítimo questionar a Secretária de Estado sobre o que já fez (?!) para trazer alguma racionalidade, estruturação e confiança aos agentes económicos do sector.
 
Não é de todo incongruente afirmar que vivemos a maior crise de sempre no sector do Turismo e que compete às autoridades em serviço definirem os parâmetros em que esta tem de funcionar.
 
O que é realmente incongruente, é a indefinição que vivemos e a forma como as mudanças de cor política do poder provocam instabilidade nas estruturas que normalmente são vítimas da voracidade pelos cargos, onde os cartões partidários ocupam os lugares que deveriam ser confiados a profissionais experientes do sector e, certamente, obteriam um nível superior de produtividade como seriam responsabilizados pelas suas decisões.
 
Na realidade, nos últimos anos em que a competitividade entre os destinos se agudizou e o Algarve se mostrou incapaz de sair da estagnação, nenhum governante trouxe estabilidade e desenvolvimento ao sector do Turismo.
 
Para o poder é fácil lançar impostos e aumentos de encargos sobre as empresas e os indivíduos, sem cuidar da capacidade que o obriga a criar riqueza.
 
E pela amostra, nem tão cedo alguma coisa vai mudar…

Luis Alexandre
 
  

Sem comentários:

Enviar um comentário