Uma boa reflexão de fim-de-semana
Foram
divulgados, no princípio desta semana, os resultados de uma sondagem
organizada pelo Instituto Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa
acerca da atitude dos portugueses face à tróica e aos acordos celebrados
entre o governo e esta entidade. Tais resultados são reveladores de
avanços importantes na consciência das massas acerca dos alvos a abater
no presente combate político e dos caminhos a trilhar no futuro.
Reproduzimos seguidamente o conteúdo de uma crónica política lida por Leopoldo Mesquita aos microfones da Rádio Altitude, na Guarda,
versando este tema.
Foram
há dias divulgados os resultados de uma sondagem feita pela empresa
Eurosondagem para o Instituto Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa a
uma amostra representativa dos portugueses maiores de dezoito anos e
intitulada “O que pensam os portugueses da tróica”. Tais resultados, sem
serem surpreendentes, são muito significativos.
Assim,
apenas 10,8% dos inquiridos defendem que Portugal deve cumprir o acordo
que fez com a tróica. Digo bem: 10,8%. Se descontarmos os 6,7% que não
deram uma resposta concreta à pergunta formulada, significa que 82,5%
dos portugueses defendem que o acordo que o governo fez com a tróica e
as sucessivas revisões desse acordo, não são para cumprir.
O
distanciamento entre o povo português e os subscritores do acordo com a
tróica fica igualmente evidente noutra questão colocada na sondagem,
incidindo directamente sobre o memorando assinado em 2011 pelo PS, PSD e
CDS. Assim, apenas 12% dos inquiridos defendem que o memorando foi bem
elaborado, enquanto quase metade (47,8%) afirmam que o memorando não
devia ter assinado e 27% sustentam que o memorando não levou em
consideração as características próprias do país.
Sobre
a atitude do governo e da tróica nas negociações relacionadas com o
memorando, apenas 9,4% se abstêm de fazer qualquer crítica às duas
partes em presença. Quase metade (45,4%) criticam o governo por uma
“cedência excessiva” à tróica e 32,9% atacam a tróica por demonstrar
“insensibilidade para com a situação da economia portuguesa”.
Quando
perguntados sobre a situação no país após a saída da tróica, apenas
11,8% dos respondentes na sondagem entendem que “o país ficará com
melhores perspectivas de futuro”. Mais de metade dos inquiridos (55,1%)
defendem que o país ficará “em piores condições, com a economia em
colapso e mais desemprego”, enquanto que 14,4% perspectivam um país em
que “nada de substancial se alterou, sendo que os restantes não deram
uma resposta válida.
Estes
resultados da sondagem da Faculdade de Direito de Lisboa contrariam
abertamente a propaganda feita todos os dias pelo governo, pelo
presidente da República, pelos partidos da maioria e pela legião de
comentadores que todos os dias nos bombardeiam com a voz do dono na
televisão, na rádio e nos jornais, os quais afirmam que os portugueses
aceitam e compreendem os sacrifícios que lhes são impostos e que esses
sacrifícios são indispensáveis para o desenvolvimento futuro do país.
Também
o PS se revela bastante fragilizado nesta sondagem, uma vez que, ao
contrário da esmagadora maioria dos inquiridos, o partido de Seguro
continua a defender o memorando que assinou com a tróica, a necessidade
do seu cumprimento e os benefícios que daí supostamente virão para o
país.
Tudo
somado e de acordo com os resultados desta sondagem, os defensores do
governo Coelho/Portas, do presidente da República, do memorando e da
tróica, representam hoje apenas cerca de 10% do universo dos portugueses
maiores de dezoito anos, uma pequena minoria portanto. Os restantes,
tirando uma pequena percentagem que não deu uma resposta válida e
concreta às questões colocadas, demonstram uma atitude activa de
denúncia dos agentes anti-pátria atrás referidos.
Uma
tal esmagadora maioria de opositores activos dos inimigos do povo
português revela ainda, nesta sondagem, algo dos caminhos que defende
face ao memorando da tróica. Assim, 41% dos inquiridos defende uma
“renegociação profunda do memorando”, demonstrando ainda assim algumas
ilusões quanto à possibilidade de Portugal manter um relacionamento com
as entidades que compõem a tróica, designadamente com a União Europeia,
mesmo impondo a estas entidades uma alteração profunda dos termos desse
relacionamento. Mas, atenção: um número de inquiridos superior àquele
(41,5%) defende que Portugal deve romper com a tróica, ou seja,
“denunciar o memorando e procurar alternativas”.
Nem
mais. Um número superior a dois quintos dos portugueses afirma já
agora, sem hesitações, que defende algo radicalmente diferente do que
preconiza a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, do que
está a ser imposto pelo governo PSD/CDS e do que possa representar a
suposta “alternativa responsável” do PS de António José Seguro. Ou seja,
um número que se aproxima já da metade dos portugueses defende
claramente a possibilidade de alternativas, fora do memorando e da
tróica, ao caminho que é prosseguido e proposto pelos partidos do
chamado “arco da governação”, PSD, CDS e PS.
Esta
é uma conclusão extremamente importante da sondagem do Instituto
Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa. Não se pode fazer fé absoluta
numa sondagem, mas esta estará certamente mais próxima da realidade do
que possam afirmar os súbditos do imperialismo germânico e todos os
arautos da desgraça que dizem e repetem que não há alternativas.
Há
alternativas, sim senhor, e elas vão aparecer e impor-se mais cedo do
que muita gente pensa. Temos que lutar muito para que isso aconteça, mas
ninguém conseguirá impedir a mudança necessária. Portugal e o povo
português hão-de vencer esta batalha histórica pela sua independência e
pelo seu futuro como nação próspera, livre e soberana!