Privatizar a água começando por vender o lixo!
- Publicado em 31.01.2014
O governo presidido pelos serventuários Coelho e Portas, tutelados por Cavaco, manifestou um inusitado
interesse, na passada 5ª feira, em proceder à privatização da EGF, a
empresa que gere o lixo de mais de dois terços da população do país,
mais precisamente de 174 concelhos.
Anunciando que o objectivo é alocar ao abate da dívida da Águas de Portugal
– a empresa mãe – o valor que obtiver desta operação de privatização, o
que o governo está a preparar é a criação de um precedente para a
privatização de um importante activo público como é a água.
Basta atentar nas empresas estrangeiras que já manifestaram o seu interesse na privatização da EGF: as chinesas Sound Environmental e Beijing Waters e as brasileiras Solvi e Odebrecht,
havendo a possibilidade de empresas portuguesas – como é o caso da
Mota-Engil que já tornou público o seu interesse – se virem a aliar a
investidores internacionais para participar neste negócio.
Acessoriamente,
o governo está a tentar atrair para esta armadilha da venda de activos
públicos que, tudo indica, serão a antecâmara da privatização das Águas de Portugal, vários municípios detentores de participações na EGF,
sobretudo os de menor dimensão, com a ilusão de que tal negócio lhes
permitiria obter a liquidez necessária para fazer face ao seu
endividamento.
Se
é certo que vários municípios – entre os quais o de Vila Nova de Gaia –
já manifestaram a sua disposição para interpor providências cautelares
para que tal privatização não seja possível de realizar, não deixa de
ser sintomático de uma política de venda a retalho do país e de
privatização de tudo o que seja activo e empresa pública estratégica
para definir qualquer plano de desenvolvimento económico independente
para o país, este súbito interesse em se privatizar uma das holdings da Águas de Portugal.
Não sendo certamente o valor da última avaliação – cerca de 200 milhões de euros – nem o volume de negócios que a EGF
gera – cerca de 157 milhões – o que atrai os supracitados grupos
chineses e brasileiros e a Mota-Engil, este é um típico caso em que o
gato está escondido com o rabo de fora.
Compete
ao povo português exigir às organizações sindicais, políticas ou de
cidadania nas quais se sintam representados, manifestar desde já aos
executivos camarários que elegeram o seu repúdio a que esta privatização
ocorra, tendo consciência, no entanto, de que só o derrube deste
governo de traição nacional e a constituição de um governo democrático
patriótico assegurará que activos públicos fundamentais como a água não
sejam privatizados e outros activos entretanto vendidos a grandes
corporações, nacionais ou estrangeiras – como foi o caso da
electricidade e da rede eléctrica –, voltem a ser nacionalizados.
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