Texto retirado do blogue "Olhão Livre"
Para alem da legalidade, uma das questões muitas vezes levantada em
torno das casas nas ilhas barreira, são os possíveis impactos ambientais
que elas possam ter.
Os impactos provocados pelas casas são encarados de forma
fundamentalista e mais falaciosa e desfasada da realidade, atribuindo-se
às casas a culpa de tudo de mau que tem acontecido às praias das ilhas.
A verdade é, que na costa algarvia, as areias movimentam-se
tendencialmente no sentido poente-nascente seja por acção eólica ou e
muito especialmente pela acção hidrodinamica.
Aquilo que mais veio prejudicar a movimentação hidrodinamica das areias
foram a construção dos molhes da barra de Faro/Olhão, depois os molhes
da barra de Tavira, os molhes de Vilamoura e os esporões de Quarteira,
São esses obstaculos que impedem a normal e natural realimentação das
praias.
Na falta daquela realimentação, o cordão dunar vai perdendo altura e
largura, ficando cada vez mais vulnerável aos galgamentos oceânicos e
esta deveria ser a preocupação maior dos defensores das ilhas barreira,
mas verificamos que outros valores, muitos deles, mesquinhos se
sobrepõem.
As povoações da margem terrestre da Ria Formosa estão a uma cota
ligeiramente acima do nível das águas de marés equinociais e ameaçadas
pelas cheias, caso não existissem as ilhas barreira. A conjugação do
preia-mar de águas equinociais com vendaval, levaria a agua até ao
caminho-de-ferro e a única coisa que o impede, são precisamente as ilhas
barreira, o primeiro e grande obstáculo ao avanço das águas.
Sabedores disto, os crapulas na governação deste País, alteraram o
discurso e passaram a dizer que já não era por razões de Dominialidade,
nem pelas casas afundarem as ilhas, mas tão somente pelo facto de
estarem em risco as pessoas e bens.
Mas até no novo discurso contradizem-se já que as casas que estão em
zona de maior risco, são precisamente as que se situam no sector central
da Praia de Faro.
Há três anos foi feita uma intervenção nas praias de Loulé, onde se
gastaram seis milhões de euros e injectaram milhares de metros cúbicos
de areias dragadas, para voltar tudo ao mesmo. Nessa altura alertámos
para o erro que se estava cometendo
E para que não digam que apenas criticamos apresentámos soluções já
testadas noutras paragens e suportadas até com estudos do Laboratório de
Engenharia Civil, como o são a colocação de recifes artificiais
multi-funcionais em mangas de geo-têxteis paralelamente à linha de costa
e a uma distancia entre os duzentos e trezentos metros. Estes recifes
têm como função alterar a energia das ondas de tal forma que as mesmas
ondas que hoje roubam as areias às praias, se transformariam em
benfeitoras alimentando naturalmente as praias, dando-lhes mais altura e
largura.
Aquilo que leva a generalidade das pessoas a estarem contra o edificado
encontra explicação na redução da mancha de areal das praias, atribuindo
as culpas às casas quando na realidade, é a ausência de uma politica de
defesa costeira.
Por outro lado, e a exemplo do que acontece em Cacela, a desertificação
das ilhas barreira provocada pela renaturalização induzirá ainda a um
maior abandono e degradação das ilhas. Basta que atentem em situações
pouco frequentadas por pessoas e vejam como estão.
Por tudo isso, somos CONTRA AS DEMOLIÇÕES DAS CASAS NAS ILHAS BARREIRA!
REVOLTEM-SE, PORRA!